Por Marcos Silva.
Longe de mim dizer que a teoria é
desnecessária, até porque a teoria enriquece a prática quando esta não é
deixada de lado. A teoria você aprende
de forma técnica no seminário, mas a prática advém de exemplos deixados por
cristãos verdadeiros onde a essência é manifesta nos frutos.
Ao longo de anos da vida cristã cresci
ao lado de outros jovens que eram apaixonados pela obra, não mediam esforços,
seja qual fosse o trabalho a ser executado, sempre pró-ativos e imbuídos no
auxílio ao próximo, mesmo com suas limitações intelectuais pregavam uma
mensagem simples, porém verdadeira, até o dia em que de alguma forma se
sentiram chamados para o pastorado.
Quando posso converso com uns desses irmãos
e pude perceber que alguns mudaram radicalmente o comportamento depois que
foram para o seminário teológico, alguns somaram a teoria à prática que já
vivenciavam, outros tiveram sua espiritualidade e até mesmo personalidade
massacradas pela teoria. O que será que provocou essa mudança de comportamento?
Será a teoria? Ou será que não houve um chamado verdadeiro?
Não sou nenhum expert no assunto, não sou
teólogo nem tampouco pastor, apenas um observador, que olhando de fora pode
perceber que quando o chamado é verdadeiro, apesar das lutas, os resultados são
sempre positivos. Vi que alguns estão executando um ministério promissor porque
uniram o conhecimento à humildade, tornando cada vez mais carismáticos, com uma
liderança persuasiva cuja autoridade é emanada do seu exemplo, sua habilidade e
se alicerça no elevado padrão da disciplina e eficiência que exige de si e de
seus liderados. Estes souberam aliar o conhecimento (teoria) com a vida cristã
na condição de servo e nada mais (prática).
O segundo exemplo são os que tornaram-se
patrões, chefes que imbuídos no objetivo de atingir suas metas pela força,
encontrando os mais diversos tipos de resistência, contrastando suas atitudes
com o que prega a respeito de “Jesus o Bom Pastor”. O conhecimento (teoria),
diplomas e títulos o ensoberbeceram, deixaram a condição de servo zelador da
noiva de Cristo (prática).
Percebi também um terceiro exemplo que
são os não formaram-se em seminários, às vezes possuem apenas cursinhos básicos
de teologia e quando podem participam de pequenos seminários, suas convicções
são mais baseadas na fé do que na própria teologia. Com a ajuda do Espírito
Santo cumprem o “ide”, porém com limitações, seu aprisco se torna lugar de
passagem, onde as ovelhas chegam permanecem por um tempo e logo se vão.
Teoria X prática são dois polos
distintos e complexos. Por um lado podemos ver pastores que se auto
proclamaram, e sem o mínimo de conhecimento teológico, fazem a obra
desleixadamente, Iludidos pelo crescimento numérico da igreja, tornam-se cada vez
mais pragmáticos, imediatistas, voltados para resultados, não se importando com
os meios para conseguir realizar seus projetos e sonhos. Resultado: uma igreja
imatura, analfabeta de Bíblia, com ênfase na emoção, cheia de gente vazia. As escolas
teológicas criticam a falta de visão e crescimento teológico desses pastores.
Por outro temos pastores que por terem
seus títulos, bacharelados, mestrados etc,
se acham os maiorais, estão em outro nível, não conseguem sequer manter as
relações interpessoais. Se colocam como
autoridade, não espiritual, mas humana, onde só ele detém a verdade e ai
daquele que discordar de uma vírgula que ele disser.
Com se dá o chamado? Cada um tem o seu,
se verdadeiramente foi um chamado de Deus , não serei eu quem vou responder,
pois Deus trata cada um de forma íntima e pessoal. Creio que aqueles que
verdadeiramente Deus os chamou, serão compelidos pelo Espírito Santo a adquirir
conhecimento, não para vaidade mas para executar com zelo o ministério. A
soberba jamais fará brotar o sentimento de autoridade humana suprema sobre as
ovelhas, e sim uma autoridade espiritual evidenciada com atitudes de servo,
assim como Jesus (João 13).
Pedro é um exemplo de um ministro sem
muita cultura, embora fora aluno do Mestre dos mestres, em seu currículo não
constava a vasta grade de disciplinas dos seminários teológicos, no entanto seu
aprendizado foi na prática, evidenciada nas atitudes do próprio Jesus. O
resultado foi um ministério digno de ser copiado. Seu ministério chegou a um
nível que talvez nenhum outro consiga nos dias atuais, mesmo com tanto
conhecimento acadêmico teológico.
Ao contrário de Pedro, Paulo era
letrado, respeitado pelo seu vasto conhecimento, uniu toda a sua teoria à
prática e os frutos do espírito emanados através dele o fez nosso doutrinador,
uma referência de líder que se perpetua de geração em geração.
Verdadeiramente Deus não escolhe os
capacitados, mas capacita os escolhidos. Todo cristão tem um chamado, seja para
qual for a tarefa - “E
Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11)- e
se Ele te chamou, Ele mesmo te capacitará, te fará um obreiro aprovado, munido
de todas as ferramentas para cumprir seus propósitos. O Espírito Santo fará
arder a chama do desejo de crescer tanto no conhecimento como na prática. Se
isso não acontecer é porque não foi chamado para aquela função. Esteja atento
ao Espírito Santo para saber qual o seu chamado e não veja com os olhos
humanos, talvez seja na função que você despreza que Deus quer te exaltar.
Não tenha medo de assumir o
compromisso com Deus quando Ele lhe lançar um convite (ou mesmo uma ordem, pois
é Ele quem manda), porque é Deus que opera em nós tanto o querer como o
realizar (Fp 2.13). Ou seja, de Deus vem não só o desejo de fazermos algo com a
capacitação e a oportunidade. Os grandes, os que se acham suficientes, se tornam fechados para a
operação de Deus. Podem ser chamados de “impelidos”. A esse grupo, soma-se os
preguiçosos (não se preparam, não lêem, não estudam, não vigiam, não oram, não
ensaiam, etc.), os relaxados (Jr 48.10), os egoístas, os gananciosos, os
vaidosos e os soberbos. Os impelidos sempre causam transtornos e frustrações. A
obra cresce quando os chamados se fazem dignos de seus chamado. Deixo esta
palavra a todos os “chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo”
(Jd v.1). Considerem sempre isto: “Fiel é o que vos chama, o qual também o
fará” (1 Ts 5.24). O poder, o amor, a moderação vêem de Deus (2 Tm 1.7), assim
como a sabedoria (Tg 1.5), a oportunidade (At 27.24), a fé, os meios, os
recursos e a motivação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não será permitido ofensas ou palavras de baixo calão.